quarta-feira, 28 de julho de 2010

A História de um verdadeiro Guerreiro do Sertão

Escrita por Roberto Agra.

Nascido nas brenhas do sertão pernambucano, lá pras bandas da Fazenda Sipaúba, nos idos de 1939, um garoto que viria a ser chamado “Chiquinho de Siné”, foi registrado no Cartório da cidade de Parnamirim como FRANCISCO ALVES DO NASCIMENTO, hoje “um verdadeiro guerreiro do sertão”.

Filho de agricultores foi criado na labuta da roça, botando a criação pro chiqueiro, ajudando os pais na muda de milho, feijão e outros tipos de produção agrícola e ainda ia buscar água no açude, pra no finalzinho da tarde tanger o gado da manga e trazer pro curral.

Além de Chiquinho o casal de agricultores MANOEL ALVES DO NASCIMENTO e Dona MARIA CLEMENTINO DO NASCIMENTO tiveram ainda mais outros 05 filhos. No entanto, somente Chiquinho nasceu na Fazenda Sipaúba, que era propriedade do seu avô materno, seu FRANCISCO CLEMENTINO DO NASCIMENTO, os outros irmãos de Chiquinho nasceram na Fazenda Bernardino, onde seu pai Manoel Alves do Nascimento (mais conhecido como “Siné”) criou todos eles, com maior zelo e bem daquele jeito tradicional que já é peculiar ao homem do campo. Um tipo de educação muito rígida e ao mesmo tempo simples, cuja regra principal é o respeito aos mais velhos e tudo dentro dos padrões morais e seguindo sempre os princípios religiosos, que é uma característica natural do pessoal da roça.

Chiquinho ainda hoje se lembra do Professor FRANCISCO DE ASSIS, que “Seu Siné” contratou na cidade para cuidar da educação dele e dos seus 05 irmãos: GREGÓRIO (“Dóro”); JOSÉ ALVES (o ”Zeca”); GERALDO (já falecido); MILTON CLEMENTINO (o “Miltinho”) e LUIZ GONZAGA ( o caçula da família, também falecido).

Segundo Chiquinho, o Professor FRANCISCO DE ASSIS não somente foi um dos primeiros professores de Parnamirim, mas também um dos melhores, pois o camarada era muito inteligente e muito educado. Ele era lá das bandas da capital.

Mas, Chiquinho afirma que chegou a estudar apenas durante 06 meses, porque teve que procurar outro tipo de trabalho. E escolheu a arte de sapateiro, no entanto só chegou a trabalhar dois anos nessa profissão pois o cheiro do couro curtida, da cola e a poeira fizeram com que ele adquirisse um tipo de asma alérgica e aquilo prejudicava demais sua saúde.

Lá na Fazenda, o garoto Chiquinho de Siné, trabalhou dos 06 até os 10 anos de idade!

Como seu tio e padrinho, GREGÓRIO CLEMENTINO, era muito amigo do rico farmacêutico da cidade, Sr. ULISSES MENEZES, dona da única e enorme farmácia que tinha bem no centro de Parnamirim, Chiquinho conseguiu ali um emprego de balconista. Ele ainda recorda quando assumiu o novo emprego: A data era 03 de agosto do ano de 1950. E ele ri quando diz que: “...Como eu vinha da Fazenda, dava a entender que eu era muito enrolado...” mas, graças ao seu bom desempenho, chegou a trabalhar um ano completo naquele mesmo serviço!

Seu Ulisses Menezes naquela época também possuía um Bar, que ficava exatamente ali, bem vizinho à Farmácia, onde “Chiquinho de Siné” também trabalhava, tanto nos dias de domingo, como nos dias santos e feriados.

Na verdade Chiquinho nunca encarou com medo as dificuldades do dia a dia e jamais chegou a conhecer aquela coisa feia e chata chamada “preguiça”.

Quando, um dia lá na Farmácia, ele comentou que tinha muita vontade de viajar para outro lugar seu Ulisses, ouvindo aquilo, despertou em sí a vontade de dar outra oportunidade àquele jovem esperto e trabalhador. E por isso sugeriu que ele comprasse o Bar, tendo negociado por um preço daquela época que ele pagaria de duas formas: a metade em espécie, no ato da compra! a outra metade de acordo com o movimento do Bar! Desafio este que ele corajosamente aceitou! Débitos que ele, graças a Deus, pagou naquele mesmo ano.

Demonstrando não apenas habilidade na área do comércio, como também no cumprimento dos seus tratos! Dando prova de que ele tinha tendência de ser um bom comerciante e ao mesmo tempo adquirindo seu 1º comércio na cidade!

Precisamente no mês de março de 1959 ele conquistou a sua 1ª namorada – pra ele a pessoa predileta – a então filha do agricultor JOAQUIM ALEIXO, tendo contraído os seus laços matrimoniais exatamente naquele mesmo ano. O casamento foi realizado no dia 29 de novembro.

No ano seguinte Chiquinho trouxe os seus 05 irmãos para estudar na escola da cidade, para tempos depois enviá-los para o Recife. Os únicos filhos de Siné que preferiram seguir a carreira de comerciante foram ele e Gregório.

Seu Siné e Dona Maria continuaram as suas pelejas na labuta da roça, lá na Fazenda Bernardino, onde eles criaram e educaram os seus filhos.

O casal FRANCISCO ALVES DO NASCIMENTO e MARIA DAS GRAÇAS ALVES, por coincidência, também tiveram 06 filhos.

Após aquela bela e harmoniosa convivência em família o jovem comerciante, Chiquinho de Siné começou a montar outros tipos de comércio: Mercearia, Depósito de bebidas e até cinema, em sociedade com Chico Agra. Tudo ali mesmo pelo centro da cidade.

A esposa MARIA DAS GRAÇAS ajudou bastante naquelas suas empreitadas. Porém, apenas 13 anos depois de casada, ela veio a falecer deixando Chiquinho viúvo, pra cuidar e educar os seus 06 (seis) filhos:

JAILSON (com 12 anos de idade); JANILSON (“Galego” – com 11 anos); SOLANGE (com 09 anos); JOSIMAR (“Mazinho” – com 08 anos); JOSINEIDE (“Neide” – com 07 anos) e EDNEIDE (com apenas 01 ano e 08 meses de idade).

Dez meses após aquela fatalidade na vida de Chiquinho, ele conhece outra mulher. Exatamente no dia 25 de julho de 1973. Uma garota bem jovem. Era lá da cidade de Cabrobó (filha do político e fazendeiro JOÃO FREIRE DE CARVALHO).

Parnamirim estava em festa, era a tradicional “festa de Julho”, quando se realiza o novenário em louvor a nossa Padroeira Senhora Sant’ Ana.

Foi um namoro relâmpago! Pois tudo começou numa sexta-feira, quando eles se conheceram à noite, marcaram casamento no sábado e no dia seguinte (domingo 28 de julho) eles se casaram!!!

Na segunda feira Chiquinho foi a Salgueiro deixar Gezualdo Freire (seu cunhado) e num encontro com NANETE (irmã da sua 1ª esposa) contou a novidade. A mesma perguntou sobre a nova esposa e ele nem sequer sabia o nome dela, foi que GEZUALDO disse-lhe que a irmã dele se chamava RIZALDA FREIRE DE CARVALHO. Até aquele momento, Chiquinho só a tratava de: “A MENINA”.

Segundo aquele comerciante e empresário, mesmo depois nascidos seus novos 04 filhos, RIZIFRANCE, TATIANA, SUÊNIA e RILSON, totalizando 10 filhos, com mais os 06 do primeiro casamento, mesmo assim viveram em eterna felicidade. Mesmo tendo vivido ao lado dela toda essa batalha empreendedora, na criação de outros tipos de comércio. Dando prosseguimento à educação dos rebentos, mandaram os filhos do 1º casamento para estudar em Recife.

O trabalho conjunto de CHIQUINHO e RIZALDA foi feito com muita luta, muita garra e total cumplicidade. É exatamente por causa disto que eles conseguiram criar com muito êxito os seus filhos!

No ano de 1990 aconteceu uma tragédia na família, quando MAZINHO, o caçula homem do 1º casamento, faleceu. Aquele triste fato deixou saudosos todos os seus familiares.

Hoje, Chiquinho de Siné está completando 70 anos de idade! Mas garante que ainda não pensou em parar de trabalhar dentro dos seus comércios, onde labuta com panificadora, supermercado, farmácia, armazém, não somente em Parnamirim, mas também na cidade de Petrolina, para onde mandou os filhos do 2º casamento, para também estudarem.

No momento atual o empresário FRANCISCO ALVES DO NASCIMENTO conta com 80 (oitenta) funcionários trabalhando em seus comércios, e conforme ele mesmo relata, “todos com Carteira assinada”

Chiquinho afirma que já se considera plenamente realizado, depois de ter enfrentado todos os tipos de dificuldades para chegar onde chegou, com o total apoio da esposa Rizalda, dos filhos e o bom desempenho dos seus fiéis funcionários pode-se dizer, com muita vitalidade.

Garante ainda que nos dias de hoje a sua maior preocupação é a educação dos seus 16 netos, inclusive do seu mais novo xodó que é a gravidez da nora JULIANA, que caso lhe dê um neto homem será batizado “FRANCISCO ALVES DO NASCIMENTO NETO” (“Chiquinho Neto”).

Chiquinho acrescenta ainda que hoje considera-se um parnamirinense de verdade por ter dedicado uma vida inteira a sua querida cidade. Especialmente agora quando completa 50 anos de comercio na cidade de Parnamirim, 36 anos de casamento com Rizalda e fundação do Supermercado Menor Preço (primeiro Mercado de grande porte da cidade).

Durante estes 50 anos passou uma pequena temporada em Petrolina dando cobertura ao trabalho dos seus filhos, porém sem se afastar da sua querida Parná.

O aniversariante registra um fato interessante, que é o fato de que dentre os seus 10 filhos, apenas 01, Tatiana, a 8ª filha, não ter demonstrado vocação para o comércio, optando por seguir a carreira de odontóloga.

Como filho de Parná Francisco Alves do Nascimento é católico e fiel a Senhora Sant’ Ana, entretanto respeita todas as outras religiões. Na condição de bom católico, sempre procurou dar total apoio aos novenários em louvor a Senhora Sant’ Ana em especial à noite dos vaqueiros e a noite dos Sipaubenses.

Durante toda esta jornada Chiquinho só lamenta não ter tido tempo para se divertir, por levar a vida trabalhando, educando os filhos e construindo um patrimônio. Mas garante que sempre gostou, na juventude, das cervejinhas e das festas juninas quando dava umas “palhinhas” na sanfona.

Hoje em dia Chiquinho já tem vontade de descansar um pouco em seu lar, dedicando-se mais a família, rindo e se divertindo com as peripécias dos seus netinhos.

Um comentário:

  1. Meu pai é realmente um herói!!!
    Nosso maior orgulho !!!!
    Te amo mto, meu velho !!!
    sua filha,Taty.

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário, ele é muito importante.